Em vários textos comento a respeito de como a sociedade molda padrões que nos levam ao sofrimento e a experiências destrutivas. O ato de julgar e ser julgado é tão comum em nossa sociedade que ele acaba passando despercebido na maior parte das vezes, é tomado como algo normal e até necessário. Lidamos com isso em casa, trabalho, quando nos divertimos, até pelas ruas nos olhares dos estranhos, estamos quase que constantemente sendo julgados.

Ainda crianças aprendemos a apontar os erros dos colegas e rir das diferenças, entendemos que somos aceitos quando não temos essas diferenças e quando fazemos os outros rir, não quando somos o motivo das piadas. A adolescência com o descobrimento de nós mesmos e a necessidade de aceitação nos leva a viver uma verdadeira batalha pela sobrevivência em meio aos grupinhos que seguem e imitam diferentes ídolos e heróis e se fecham aos que pensam e se comportam de forma diferente.

Na vida adulta a situação não muda muito, o que muda são os grupos, os interesses e a amplitude com que praticamos o julgamento. Podemos até tentar aparentar que não apontamos o dedo para os outros criticando as escolhas deles, que não olhamos feio ou viramos o rosto quando desaprovamos algo feito por alguém. Mas o ato e o sentimento estão lá, forte e presente em nós aonde quer que vamos. Assim como está presente nos outros que estão a nos espreitar quando, de alguma forma, chamamos a atenção.

Isso é algo tão forte na humanidade que chega a ser difícil imaginar uma vida onde ninguém julgue ninguém. Não tenho a pretensão de falar sobre esse mundo distante da nossa realidade atual, mas se você acredita que as coisas podem melhorar para você se você remover o peso de julgar os outros e ser julgado, então continue lendo o texto porque você está no caminho certo.

 

QUANDO JULGAMOS O PROBLEMA ESTÁ EM NÓS

 

Como tudo que existe na natureza até no ato de julgar os outros podemos encontrar algo benéfico que é o de nos fazer refletir sobre nós mesmos e encontrar certas respostas sobre coisas que estão em desarmonia. Digo isso, porque quando julgamos alguém não estamos encontrando um problema nela como acreditamos, estamos apenas apontando algo nela que nos incomoda.

Se dizemos que alguém anda desarrumado, por exemplo, e que ele deveria e preocupar em se arrumar melhor é porque a imagem do visual dele está em conflito com aquilo que achamos que é o correto. Quando alguém adora dançar ao som de um determinado estilo musical e a criticamos pelo seu gosto e modo de agir, não é aquela pessoa que está incomodada, somos nós. Assim acontece com diferentes escolhas e comportamentos que fogem a nossa ideia do que é o certo e o errado.

A partir dessa ideia de saber como as coisas devem ser o que delimita o quanto vamos ou não sair por aí julgando é o tamanho do nosso ego e o quanto acreditamos sermos os donos do saber e da forma como os outros devem agir. Isso pode ser tão complicado a ponto de termos a necessidade de provar nossos argumentos contra os outros e criar situações em que a pessoa é exposta e nosso ego seja alimentado ao “comprovar” que estávamos certos e sabemos das coisas.

Se você é vítima recorrente de julgamentos está na hora de abrir os olhos e entender que você não é o maior sofredor da história, pode não parecer, mas quem realmente precisa de auxílio e compaixão são os julgadores que estão a solta por aí. Pense que quanto mais eles julgam, mais se sentem incomodados com eles mesmos. Eles também são assombrados pelo fantasma do controle, sentem uma necessidade imensa de controlar a sua própria vida e viver dentro de todos os padrões possíveis.

 

SE LIBERTAR PARA SER FELIZ

 

Se aqueles que julgam você se sentem mal por perceberem em você o reflexo de algo que incomoda eles, então isso é algo deles e não seu, não carregue o peso dos outros com você. Liberte-se do julgamento dos outros para ser feliz. Você é livre para seguir sua vida e ter novas experiências, amadurecer e ser feliz com suas próprias escolhas. A partir do momento que você sente o gosto de viver essa liberdade as situações de julgar e ser julgado vão perdendo sua força e tentar se encaixar no padrão dos outros passa a não ter sentido.

As pessoas que se sentem mal com as escolhas dos outros e estão presas a um controle de comportamento acabam limitando suas opções e tem dificuldade em vivenciar novas experiências. Acreditam que a felicidade tem mais relação com sorte do que com esforço e amadurecimento em diferentes experiências. Quanto menos conseguem se libertar mais vão falando mal dos outros em seus julgamentos e mais amargurados vão se tornando.

Então não se sinta mal quando alguém criticar você, mas tenha compaixão e procure compreender o que a outra pessoa não compreendeu ainda (entenda melhor pessoas com pensamentos diferentes no texto A incomunicabilidade de pensamentos diferentes). Que o sofrimento está com ela e não com você (leia também o texto Sofrimento). Sua vida, suas escolhas, a busca por encontrar uma consciência em paz. Faça de você alguém que você tenha orgulho e que seja livre. A felicidade de ser você mesmo é o maior exemplo que você pode dar a qualquer um. 

 

 

NOSSA SENTENÇA

 

Num mundo de julgamentos

Acreditamos que não sabemos

O modo de lidar com os outros

Para podermos ser aceitos.

 

Fechamos as portas de nós mesmos

Colocando máscaras de festejos

Pulando um eterno carnaval

Onde os caminhos são os mesmos.

 

O ciclo só muda quando percebemos

Que somos nosso próprio juiz,

Carcereiro e prisioneiro.

 

Temos a chave da cela,

Mas só podemos sair

Quando a máscara cair.

 

Infográfico - Julgar e ser julgado

 

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