O ser humano tem a necessidade de pertencer a determinados grupos, é um ser social, que constrói sua vida com base em diferentes relacionamentos. Quando nossa individualidade sobrepõe algum conceito da coletividade é possível que ocorra uma disrupção – quando muda muito o curso de algo. Seja na forma de se pensar ou lidar com algo, seja no comportamento e no tratamento do coletivo conosco. A história da humanidade está repleta de registros de pessoas que travaram verdadeiras batalhas pelo direito de vivenciar ideias e crenças próprias.

Atualmente o direito de livre pensar e viver a vida da maneira que acredita ser melhor existe, mas na prática, a coletividade tem ainda muita resistência a assimilar o diferente. Mesmo a humanidade vivenciando uma longa jornada de desenvolvimento no planeta, obtida pelo resultado do diferente, de algo que mudou a maneira de ser fazer ou pensar algo. Ainda assim, o diferente não é bem recebido quando apresenta uma disrupção no modo de ser das pessoas. Por mais que não seja uma resistência declarada, podemos sentir claramente quando determinadas pessoas não aceitam nossa maneira de ser ou pensar por ser diferente da forma que elas pensam.

 

AS PEQUENAS ATITUDES SÃO AS MAIS DIFÍCEIS DE PERCEBER

 

É importante dizer que não estou aqui apenas falando de diferenças de grandes grupos da humanidade, ou de situações gritantes na forma de ver e vivenciar a vida, dos conflitos que geram embates e são noticiados na mídia. Estou falando de diferenças quase silenciosas que podemos observar com mais facilidade na rotina, na sutileza do comportamento das pessoas conosco. Acontece nas conversas, nos olhares e no modo de agir dos que estão ao nosso redor, são ações mascaradas por falsos sentimentos apresentados diante de nós. Aquele famoso sorriso amarelo, a fala que apoia algo que você não acredita, a confirmação de presença (apoio) quando sabe que nunca estará ou fará algo que está prometendo e tantas outras formas de se isolar de pessoas que não queremos próximas e vendemos a ilusão de sintonia e boa vontade.

Esse segregamento não declarado criado por aqueles que não aceitam aquilo que afronte suas próprias ideias e sufoca a capacidade real da individualidade em criar e desenvolver novas formas de viver e sentir. Arrasta e delonga o desenvolvimento humano entre seus pares que poderia fluir e se aprimorar de forma muito mais rápida se tivesse livre passagem entre os modos de vida existentes hoje.

 

COMO MUDAR ESSA SITUAÇÃO

 

A palavra chave aqui é aceitação! As diferenças já começam em casa, com a família, na dificuldade de aceitação dos que convivem conosco. Aceitar, antes de tudo, é respeitar. Também é buscar formas de se conviver harmonicamente com a realidade de cada um. Nem sempre é fácil, geralmente é preciso esforço, mas sempre é recompensador. Pois são nessas novas conexões criadas na aceitação das individualidades que construímos algo verdadeiro entre uma pessoa e outra. Perceber quem somos e o que sentimos de verdade e fazer o mesmo com as pessoas que melhor conhecemos é o primeiro e maior passo para começar a criar relacionamentos reais.

Entender e aceitar as diferenças daqueles mais próximos de nós torna mais fácil a mudança de atitude em relação as pessoas com as quais não temos tanta proximidade, mas que fazem parte do nosso dia a dia. A partir desse momento, deixamos o automatismo do comportamento social de lado para começarmos a vivenciar sentimentos reais em meio a liberdade do sentir e pensar. Pode até parecer utopia falando assim, mas são as mudanças que geram resultados reais. Nos possibilita ver e respeitar o espaço e sentimentos do próximo de modo que possamos enxergá-lo verdadeiramente por quem ele.

 

AS CONVERSAS BANAIS PASSARÃO A NÃO TER MAIS MUITO SENTIDO

 

Pense bem, tirando todo o formalismo dos cumprimentos e conversa fiada que você emprega com as pessoas ao seu redor, o que você conhece delas? Por que você convive com elas? O que elas têm a ver com você? Aliás, quem é você de verdade? Essa é pergunta que dá inicio a tudo. É preciso primeiro conhecer a si mesmo e se aceitar para que possa conhecer e aceitar as outras pessoas e criar relacionamentos reais, conexões sinceras em que duas pessoas podem ser elas mesmas e geram um crescimento mútuo.

 

 

Simplesmente não entendo

O motivo do desprezo.

Palavras sem respostas,

Amigos que não se importam.

 

O convívio de tantos anos

Esquecido rapidamente.

Tudo quanto dividimos

Era vapor no tempo.

 

Pensei te conhecer,

Mas a verdade que ficou

Foi o vazio que sempre existiu,

Disfarçado em corriqueiro ardil.

 

É uma armadilha dentro de mim mesmo,

Algo que me guia em direção ao abismo.

 

Máscara que reluz,

Miragem que seduz,

Anestesia o coração

E cria uma doce ilusão.

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